domingo, 30 de maio de 2010

Ritual vampirico

Os rituais aqui descritos têm o objectivo de fazer contacto com vampiros, em especial o arquétipo.
Encontrar o Vampiro real ou clássico já é algo mais complexo, sendo entendido que o ser que assim chamamos é um renascido da morte, um morto que voltou a viver e se alimenta, de uma forma ou de outra, dos vivos. Cremos que apesar das pesquisas teosóficas sobre o tema, quem “restituiu” a sacralidade ao Vampiro foi Aleister Crowley, e o leitor a esta altura já tem uma boa visão do porquê dessa afirmação.

Nos dias de hoje há um incrível interesse pelo vampiro, grande parte é especulação superficial, e delírios motivados pelos mais diversos motivos. Fantasiar é bom, desde que saibamos que fantasiamos — um excelente ajudante, mas um péssimo comandante para nossas vidas. O que temos de mais sério no culto ao vampiro, nos dias de hoje, deriva directa ou indirectamente do trabalho de Crowley e da corrente por ele vivificada. A esta altura alguns leitores devem estar indignados, e pensando: mas os movimentos vampíricos X, Y e Z não tem nada a ver com Crowley, ou seus ensinamentos datam de eras remotas; deixo a eles a indagação e observação históricas.
Veremos agora como era a interpretação ocultista antes de Crowley, e onde aparecem pela primeira vez esses arcanos secretos do vampirismo.
Aleister Crowley logo reconheceu o poder subjacente ao sangue e ao arquétipo do Vampiro, tanto em sua forma evolutiva quanto antievolutiva (Black Brothers). Suas descobertas mágicas, em especial o Livro da Lei, influenciaram inúmeras ordens mágicas, em especial a O.T.O., Ordo Templi Orientis, que estuda o saber Arcano nas suas mais diversas formas, inclusive na do Vampirismo.

A Sombra do Vampiro

O magista passará alguns dias passeando em um cemitério, preferencialmente meditando, entrando em níveis mentais mais sutis na própria necrópole. Lentamente, ele vai entrando no espírito do lugar, sentindo a morte, os corpos putrefatos, os espectros dos mortos, às vezes suas dores, angústias e alegrias de quando estavam vivos. Desse fervilhar infernal ele deve se tornar um observador; nem ser um membro desse festim, nem um antagonista.
Escutar a voz negra que brota de seu coração, a sombra, o seu demónio guardião — ele será o mestre desta operação. Essa comunhão infernal pode abrir as portas do limiar entre a vida e a morte. Cabe aqui uma análise, ou um conselho: este é um estágio da jornada, muitos podem querer fazer aqui sua morada, o que para mim é um erro. Obsessão, loucura e morte podem ser advindas pelo mau uso dessas energias; a fixação demasiada nelas é nociva.
O magista deve sempre testar qualquer ser que se apresentar. A forma fica ao seu bom senso, a tradição recomenda as correspondências da cabala. O método do qual faço uso baseia-se na cabala, mas acima de tudo na realidade física. As experiências mágicas mais verdadeiras sempre se fizeram acompanhar de manifestações físicas, as mais variadas, a que Jung chamou de sincronicidade.
Sua operação mágica deve causar mudanças sutis, mas palpáveis, sons, pessoas tendo sonhos com o que você fez, objectos ou símbolos que lhe surgem ou são destruídos, enfim, uma gama infinita. Mais uma vez o bom senso é a chave, pois chover é normal, mas dez minutos após você fazer um sigilo para chuva (em um dia de sol), é algo diferente. Isso foi feito por Austin Osman Spare, e com testemunhas.
Voltando aos preparativos do nosso ritual, este contacto com a sombra pode ser mais ou menos efectivo, mas uma coisa é certa: como o Sol está nos céus, ele estará presente na sua operação. Magia é ciência e arte, e todo magista terá um resultado único.

Iremos agora tratar do ritual em si.

Por dias, de preferência ao entardecer, o magista vagará em um cemitério, fazendo o que já foi prescrito no princípio. O contacto com a sombra deve vir em sonhos ou visões. Estes devem ser anotados com riqueza de detalhes.
Esse contacto ocorrendo ou não, a invocação deve ser feita.

O ser imemorável, que habita as profundezas de meu ser, espectro negro, sombra da luz, reflexo de meu anjo.
Verso e reverso do Universo, anjo que guarda o sagrado.
Eu o invoco.
O magista sente cada palavra e o influxo de poder do chamado.
Depois, o magista proferirá:
Zazaz, Zazaz, Nasatanada Zazaz.
Nesse momento, ele imagina um pórtico se abrindo.
Após breves minutos, pronuncia:
C siatris insi cnila, cnila, cnila, odo cicle qaa.
Após a pronúncia, ele anda até o norte e imagina fortemente o deus Seth, respira e juntamente com a entrada do alento o deus o penetra.
Ele imagina-se sendo o deus Seth.
Então se volta para o sul e diz:
Invoco-te, tu que és eterna na noite,
Amor e horror,
O colo aconchegante e o leito da morte.
Leite e veneno,
O fogo, a terra, o ar e a água,
O tudo e o nada.
Te invoco com o sangue que está em minhas veias,
com a vida que me deste, com a morte que me espera e a chama eterna do meu ser...
Do sul surge uma deusa, que lembra Kali, Lilith, e o nome da deusa é Babalon.
A visão é de uma mulher bela e sensual, mas de aspecto poderoso e sagrado inspirando medo e respeito.
Ela permanece imóvel no sul.
Ele anda até o centro e golpeia o ar com força dizendo:
0 moribundo está morto agora, de seu corpo um novo universo é feito.

Ele enche o peito de ar e ao soltar o deus Seth se vai, e com ele a deusa. Após isso o vazio, a sensação de vazio deve ser sentida ao máximo. Nesse vazio brotará uma nova consciência.

Práticas como esta e a Missa da Fênix exigem que o praticante domine os rudimentos da Magia, rituais de expulsão, consagração e criação do círculo mágico, assunção das formas dos deuses e outras técnicas. Caso esse trabalho inicial não tenha sido encetado, não recomendamos o Ritual acima, o que não impede alguém de fazê-lo, mas o fará por sua conta e risco.

Quem quiser aprender os rudimentos da Arte deveria entrar para algum grupo ou Ordem, e a leitura do livro Rituais de Aleister Crowley é bastante útil.

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